terça-feira, 24 de março de 2009

Em Vila Cova… acontece



No âmbito das comemorações do Dia da Árvore, promovidas pela Assembleia de Compartes dos Baldios de Vila Cova e Mascoselo e inseridas no projecto sócio-cultural denominado “Serões do Conhecimento – Aprender para Melhor Viver”, realizou-se no passado Domingo um dia histórico-cultural, ecológico e gastronómico, passeio pedestre pelas cercanias da freguesia.
O passeio iniciou junto da Igreja Matriz com um punhado de voluntariosos Vilacovenses de idades compreendidas entre os 4 e os 70 anos, que se aventuraram pelos antigos trilhos dos carros de bois, dos pastores, dos moleiros e dos mineiros, agora caídos em desuso, de tal modo que houve quem não acreditasse que até há poucos anos, eram as estradas da freguesia.
Movidos por diferentes sentimentos, os mais novos com vontade de conhecer histórias e aspectos da sua terra e os mais velhos para recordar os velhos tempos e simultaneamente transmitir aos mais novos os seus saberes, iniciamos o passeio com uma visita guiada a alguns dos moinhos ainda existentes e em diferentes estados de conservação. Ficamos então a saber como funcionam, o que é o cubo, o “gorente”, a “temonha”, entre outros, tudo pelas explicações do Sr. Anselmo, do Sr. Manuel Farrôco, a quem dirigimos os nossos agradecimentos, e mais tarde sabiamente completados com os vastos conhecimentos do Sr. Jaime Cruz, amante de longa data dos nossos moinhos. Continuamos o nosso passeio junto ao ribeiro, de águas cristalinas que serpenteia por entre “fragas”, matas e lameiros desde o alto do Sião em direcção ao seu destino. Passamos pelo complexo das antigas minas do ferro de Vila Cova, em tempos pólo de grande desenvolvimento, agora completamente abandonado. Conhecemos a “messe”, a “Casa da Malta”, a padaria, o refeitório, o Centro de Saúde, mais conhecido por Hospital e, há época, um dos mais bem apetrechados do país. Visitamos também o “Paiol”. Seguimos em direcção às matas do Bicheiro para visitar o apiário do Sr. Américo Carriço, que muito amavelmente acedeu a dar-nos uma excelente lição de apicultura. Conhecedor como poucos de todo o processo de produção do mel, ficamos a saber como funciona uma colmeia, como as abelhas produzem o mel e, inclusivamente numa pequena prédica sobre botânica, quais as plantas que as abelhas preferem para colher o seu pólen.
Sem demora, porque a tarde avançava rapidamente, o grupo seguiu em direcção ao Santuário de Nossa Senhora de La Salette, local bastante aprazível, situado na encosta poente da serra do Alvão, no chamado monte do Rosário, uma espécie de varanda celeste de onde podemos avistar o vale da Campeã, a serra do Marão, a ermida da Sra. de Fátima sobre Gontães e Currais e até onde a vista alcança. Ali chegados, com pompa e circunstância, plantamos 12 árvores (medronheiros, lireodendros, azevinhos e cipestres), 3 por cada turma de formação simbolizando os 12 meses do ano. Concluída esta tão nobre tarefa, foram largados 203 balões biodegradáveis, simbolicamente representando um por cada Comparte, que transportaram consigo sementes de azevinho, planta em vias de extinção.
Para encerrar, deliciamo-nos com excelentes petiscos que cada um levou, gozando de um merecido repouso e apreciando a maravilhosa paisagem que nos proporciona esta nossa terra.
E porque, como diz o povo, merenda comida companhia desfeita, cada qual regressou à sua rotina, cansados de caminhar, mas descansados porque regressamos mais ricos, não só pelo que aprendemos, mas também pelo que deixamos: as sementes de novas vidas, dando o nosso singelo mas significativo contributo para tornar a nossa terra mais bonita e o nosso planeta mais vivo.

(Texto elaborado por Óscar Carvalho)

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